Shoppings, escolas, universidades, faculdades, supermercados, clinicas, hospitais, academias, repartições públicas, serviços e o estádio que sediou a copa do mundo de 2014. Tudo isso distribuído entre ruas iluminadas, pavimentadas, saneadas e com ampla oferta de transporte. Esse é o bairro de Lagoa Nova, localizada na zona Sul de Natal e já considerado o novo ‘centro da cidade’. O motivo principal é a localização geográfica. A partir da nova configuração da cidade, provocada pela expansão e ocupação dos bairros que antes eram considerados ‘distantes’ por parte da população, o bairro que na década de 1960 era conhecido como terra distante de tudo acabou ficando no centro dessa nova Natal.O processo de mudança que o bairro vem passando não é de agora. De acordo com o professor de políticas públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador do Observatório das Metrópoles Alexsandro Ferreira, a mudança dos centros é um fenômeno comum nas cidades. “Natal tem empurrado seus outros centros para longe do centro velho. Essa questão da centralidade tem a ver da forma como os moradores se enxergam. A diferença de Lagoa Nova é que era um bairro eminentemente residencial e nos últimos 10 anos tem passado por essa mudança''.
Ferreira explica que o fenômeno pode ser mais bem definido como um “esticamento” do centro e isso se dá, explica, em função dos eixos urbanos nas redondezas. “O centro segue os eixos viários mais importantes. E o bairro de Lagoa Nova é cortado pelas principais avenidas da cidade. Vias que reuniram, ao longo dos anos, uma diversidade de serviços, como é o caso da Prudente de Morais”.
Outro ponto observado trata da valorização imobiliária, anterior ao ano de 2009. “Temos um projeto de pesquisa sobre a metropolização em mega eventos, cujo objetivo é analisar os efeitos da Copa do Mundo na cidade. Um dos eixos do trabalho é investigar a parte imobiliária em torno da Arena das Dunas, que está inserida no bairro de Lagoa Nova”, explicou. Entre as observações do pesquisador está a análise dos imóveis comercializados. “O número de imóveis comercializado no ano de 2012 diminuiu em relação ao ano de 2010, mas em compensação o preço ficou bem mais elevado”, aponta. O preço médio de um imóvel em Lagoa Nova, de acordo com os dados levantados pelo Observatório das Metrópoles é de R$ 350 mil, mas a oferta de imóveis na faixa dos R$ 600 mil tem aumentando nos dois últimos anos. “Não é o bairro mais caro da cidade, mas existe uma tendência dos imóveis naquela região continuarem subindo em ritmo equilibrado”, analisou. O bairro tem sido escolhido como boa opção de investimento para fins residenciais ou comerciais. “Lagoa Nova passa por uma mudança de tipo de ocupação. Era um bairro já consolidado, que passa por um processo de transformação de tipologia. Seguindo o mesmo fenômeno que já ocorreu em Candelária e Ponta Negra, por exemplo”, considera.
A vontade de morar perto do trabalho e de “tudo” é o principal motivo dessa transformação no bairro. Para o então presidente do Sindicato da Habitação no Rio Grande do Norte (Secovi-2013), Jailson Dantas de Lima, Lagoa Nova já era o novo centro de Natal. “Tem todos os serviços e muitas coisas estão migrando, como clínicas, laboratórios, restaurantes e uma serie de outros serviços que estão indo para esse eixo. Esse bairro é um centro que está sendo construindo”, afirmava.
História o bairro de Lagoa Nova, hoje região nobre da capital potiguar, era no passado “caminho de ligação entre o Centro de Natal e a Base Aérea de Parnamirim Field”, estrada construída durante a Segunda Guerra Mundial, quando a cidade foi batizada de Trampolim da Vitória.
A ocupação, como nas demais regiões “periféricas”, ganhou um novo rumo com a instalação da
Base americana em solo norte rio-grandense. Deste modo, em 30 de setembro de 1947, o prefeito Sylvio Pedroza edita a Lei nº 251, estava, então, criado o bairro de Lagoa Nova.
Terra distante, vista por natalenses dos anos 1960, como “longe de tudo”. Mas a marcha expansionista, em parte acelerada no pós-guerra, modifica a paisagem de Lagoa Nova.
Onde anteriormente predominava a existência de granjas, sítios e casas de campos, foram construídos conjuntos habitacionais, o Estádio Machadão, o Centro Administrativo do Estado, o Campus Universitário da UFRN, a Ceasa, palácios e numerosas residências de elevado padrão. (SOUZA, 2008, p. 601).
Sucesso!