O Belém era uma região bem conhecida dos paulistanos lá pelos idos de 1880 devido à sua altitude, ao ar puro, aos vastos pomares e às grandes árvores. Sua fama de estação climática se espalhou graças às enormes chácaras, mansões e solares dos poucos ricos paulistanos. Mesmo assim o bairro não se desenvolveu por muito tempo. Ficou na calma do repouso, enquanto seus vizinhos já viviam a febre do desenvolvimento. O nome do lugar vem da fé católica dos moradores: uma homenagem a são José de Belém. A paróquia de São José do Belém foi criada em 14 de julho de 1897, desmembrada da do Bom Jesus do Brás. Em 26 de junho de 1899, foi criado o distrito da paz do Belenzinho, desmembrado também do Brás.
Interessante foi como o Belenzinho se transformou em Belém: o bonde 24, que servia toda a região, trazia estampado somente “Belém” e não Belenzinho. Esse uso acabou caindo no agrado do povo: vimos mais um distrito da capital e o Belenzinho tornou-se um pequeno bairro.
Por volta de 1910, chegaram ao Belém as primeiras indústrias, as fábricas de vidro. Em seguida algumas tecelagens começaram a se instalar nas imediações. Foi o suficiente para que o progresso chegasse atrasado , mas a passos largos, tanto que o numero de operários e moradores triplicou de um ano para o outro.
Em 1911 a história do Belém mudaria para sempre.Nesse ano iniciou-se a construção da Vila Maria Zélia, um projeto idealista e revolucionário para os padrões brasileiros. O industrial Jorge Street Construiu a vila , que levou o nome de sua esposa, para abrigar 2100 operários especializados da Companhia Nacional de Tecidos de Juta.
Após a desativação da fabrica, a vila tornou-se um presídio político na ditadura do Esta Novo, entre 1936 e 1937. Em 1938 foi vendido a uma empresa. O bairro foi crescendo, mudando com a capital e, assim como ela, se ampliando. Com todas as mudanças o Belém continua com aquele jeitão de bairro eminentemente paulistano.
Uma Curiosidade : o escritor paulista Monteiro Lobato morava no Belém no começo do Século XX. Sua casa – na rua Vinte e Um de Abril – era conhecida como o minarete, e costumava receber um grande numero de escritores, poetas e intelectuais da capital. As madrugadas da grande casa amarela eram famosas na capital pela grande quantidade de boêmios e geniais artistas que nela transitavam: a nata da intelectualidade paulistana.
Outra curiosidade: Belém – palco de tantas guerras – é uma cidade da Cisjordânia, bem perto de Jerusalém, em terras ocupadas por Israel. Seu significado para os cristãos e muito grande, pois em Belém teria nascido Jesus Cristo e o rei Davi. Lá está também uma igreja que nos primeiros anos do terceiro milênio foi palco de sangrentas batalhas. E a Igreja da Natividade, construída pó Constantino I, o Grande, em 330 d.C.
Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos
Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano
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