No fim do século XIX, o sul do Brasil era uma região pouco habitada, com muita terra produtiva. Cenário ideal para os imigrantes, oriundos de uma Europa em transformação, onde o agricultor tinha dificuldades para encontrar boas condições de trabalho.
Nesse contexto, após um acordo governamental, 20 famílias de imigrantes poloneses e italianos, foram assentadas em uma área de 876 hectares, localizada entre os rios Miringuava e Pequeno.
No início, as famílias viviam em lonas cedidas pelo governo, mas aos poucos foram implantando sua cultura. As primeiras casas foram construídas com troncos de pinheiros , ao estilo “Dom Weglow”, arquitetura típica do sul da Polônia. Surge então, no dia 21 de setembro de 1878, a Colônia Murici. O nome é uma homenagem ao conceituado médico filantropo, Dr. José Cândido da Silva Muricy.
Os imigrantes passaram a viver essencialmente da agricultura. Em uma carroça se dirigiam até Curitiba. Para ir e voltar em um único dia, era preciso sair às 3h da madrugada, com retorno previsto para às 22h. Caso os produtos não fossem vendidos, poloneses e italianos posavam em Curitiba até finalizar as vendas. Erva Mate, trigo, cevada, aveia, milho, feijão, batata, vinho, madeira e fumo estavam entre os principais produtos produzidos.
Além da agricultura, a disciplina religiosa é uma das principais heranças dos poloneses. Um ano após a fundação, uma igreja havia sido construída. Na entrada da colônia foi colocada uma imagem de Nossa Senhora Czestochowa, a padroeira da Polônia. Atualmente, uma vez ao mês, uma missa é rezada na língua polonesa e, o ensino religioso, é matéria nas escolas das região.
A primeira escola foi fundada em 1880. Mesmo sendo analfabetos, existia uma preocupação dos imigrantes com a educação. Em 1907, as Irmãs Franciscanas da Sagrada Família chegaram no local. Até os dias de hoje o grupo religioso está na direção do ensino na Colônia Murici. Até 1936, o polonês era a língua oficial nas escolas, e o português, era ensinado como matéria complementar.
Como aconteceu com o idioma, com o passar das décadas, algumas tradições vão sendo deixadas de lado. Com a finalidade de manter alguns costumes, surgiu o Grupo Folclórico Wawel, que apresenta os costumes da Polônia, através da música e dança, em festas e concursos. O grupo surgiu há mais de 30 anos, pelo empenho da Irmã Felicidade Leocadia Modlkowka.
Em 1978, centenário da Colônia Murici, uma placa de bronze foi colocada na praça central, com os nomes dos primeiros muricianos. O Padre Stanislaw Turbanski lançou o livro “Murici Terra Nossa”, onde a população pode saber muitos outros detalhes da história do bairro.
Atualmente, pouco mais de três mil pessoas vivem na região Colônia Murici, bairro rural localizado há cerca de 10km do centro de São José dos Pinhais.
Referência: “Nossas Raízes, Memórias da Colonização São-joseense: Colônia Murici”, disponível na Biblioteca Pública de São José dos Pinhais.
Fonte: GuiaSJP
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