Algo que poucos sabem: a praça da Republica é um pequeno bairro – e também um dos menores distritos da capital paulista, e, em passado recente, foi um largo longe do centro da cidade.
Por volta de metade do século XIX, a área era destinada a treinamentos militares e conhecida como praça da Legião. Ficava nas proximidades da Chácara do Chá, de propriedade de Joaquim José dos Santos, o barão de Itapetininga, e da chácara do general Arouche.
Em 1817, o engenheiro Daniel Pedro Muller comandou a implantação de uma grande área de lazer e recreação pública. Na praça foi construído um anfiteatro de madeira para as populares touradas e cavalhadas. Naquele tempo a praça mudou até o de nome, passando a ser conhecida como praça do Curro (local onde os touros permaneciam antes e depois das apresentações).
Com o tempo, as touradas caíram de moda e o local ficou às moscas, tornando-se um espaço de treinamento de chocheiros e cavalos – uma espécie de auto-escola da época. Serviu ainda como palco para uma grande feira de madeira. Nessa época, a região foi sendo ocupada. Com a Proclamação da República, em 1889, a praça ganhou seu nome definitivo e passou a ser um ponto importante na geografia da nascente metrópole, principalmente depois da inauguração do Viaduto do Chá. Em seguida foi inaugurada a Escola Caetano de Campos onde estudava a nata paulistana.
Em 1905, no auge da grande imigração e da chegada dos dólares do café, a praça foi totalmente reformada e a cidade ganhou, de forma definitiva, um dos seus principais pontos de referencia. Ao seu redor foram construídos grandes edifícios e, com o correr dos anos, a praça e seu entorno tornaram-se cada vez mais importantes para a capital.
Foi no solo da praça da República que tombaram os quatro estudantes de direito (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), cujas iniciais deram origem ao MMDC, que identifica a Revolução Constitucionalista de 1932.
Nessa mesma praça, nos anos 1940 e 1950, colecionadores se encontravam para trocar mercadorias e novidades. Na década seguinte tornou-se referência hippie do Brasil. Ali se reuniam os artistas de vanguarda, expondo suas obras e idéias. Com a chegada do Metrô, na década de 1970, a praça da República adquiriu um ar mais cosmopolita, perdendo um pouco do antigo charme.
Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos
Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano
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